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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Hit makers - the science of popularity in an age of distraction
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-9508-130-7
Editora: HarperCollins
Os estudos sobre comportamentos comuns e repetitivos na arte moderna não são de hoje. Há muitos séculos, filósofos, artistas e psicólogos tentam chegar a respostas sobre os motivos da popularidade de algumas obras, enquanto outras caem no esquecimento, mesmo que sejam de qualidade superior às mais bem-sucedidas comercialmente.
As causas do sucesso de pinturas, canções e filmes blockbusters estão profundamente enraizadas no poder da exposição. Em alguns casos, ele pode ser avassalador. Quantas vezes você não se viu bombardeado com publicidade para impulsionar um novo filme? Ou percebeu que não se fala em outra coisa, só no novo álbum de um cantor muito conhecido?
Isso acontece porque a beleza da arte não é capaz de alcançar multidões quando atua isoladamente. Sabe aquele lema “A propaganda é a alma do negócio”? E o velho ditado “Quem não é visto não é lembrado”?
Pois é, eles não estão errados. E não há nada demais em aliar divulgação e arte. Sem isso, as obras que impactaram o mundo não seriam conhecidas.
Existe uma teoria bem simples de entender sobre os motivos de maiores ou menores sucessos. O nome dela é MAYA, sigla para “Most Advanced Yet Acceptable”. Traduzindo em bom português: mais avançado, ainda assim, aceitável.
Isso indica como as pessoas se atraem por produtos mais ousados, mesmo que no início haja um medo do desconhecido. Falamos em produtos, mas isso também serve para a arte comercializada em diversos segmentos e formas.
Nos últimos cem anos, a regra MAYA é a mais usada para explicar as canções chiclete que grudam na nossa cabeça, os grandes blockbusters do cinema e mesmo os memes das redes sociais.
Não é apenas a sensação de familiaridade com um produto, serviço ou obra artística, mas a constatação de estar diante de algo novo, desafiador ou surpreendente que abre a porta para uma atração generalizada por parte do público. Todo mundo quer saber, todo mundo quer ouvir, todo mundo quer estar por dentro. Entender fica para depois, só não podemos ficar de fora do que mexe com a cabeça das multidões pelo mundo.
Veja um exemplo musical. Nem mesmo os grandes compositores conseguem explicar porque alguns trechos de canções pop grudam na nossa cabeça. Às vezes, a melodia nem é lá essas coisas, a letra não tem nada demais, mas, mesmo assim, ninguém consegue resistir à música da moda.
Adivinha quem é a culpada? Ela mesma, a teoria MAYA, que também se aplica aos sons que ouvimos. Parece muito estranho estar repetindo algo sem sentido, com nenhuma mensagem aparente? O cérebro se sente desafiado pelos hits do verão, sem saber até onde eles querem chegar, mas com a necessidade de repetir, repetir e repetir.
São pelo menos três os fatores no caminho do estudo e entendimento da popularidade dos fenômenos da moda. Opções, economia e marketing fazem parte da explicação dos sucessos.
As opções disponíveis ditam um gosto médio do público na época a ser estudada. O bem-estar econômico de uma região influencia diretamente no poder de compra das pessoas e em sua vontade de adquirir o que está sendo falado em todos os cantos. E o marketing repete, dia e noite, a necessidade de não ficar de fora do grupo da moda. Quem quer se sentir excluído?
Para entender bem como a viralização sem um trabalho muito bem calculado não passa de mito, precisamos entender mais sobre o exemplo do website erótico voltado para mulheres mais popular do mundo.
O mais curioso é notar que ele não está, necessariamente, dentro do que muitas pessoas entendem como um site verdadeiramente erótico. Estamos falando do FanFiction.net. Por lá, milhares de escritores amadores vão adaptando histórias populares com um pouco de fantasia sexual na trama.
Harry Potter, Naruto, personagens de mangás japoneses e da cultura pop estão entre as maiores inspirações para as histórias compartilhadas no site.
Esse universo de fanfics virou um espaço para a nova era dos hits. Afinal, ao mesmo tempo em que reunia centenas de milhares de escritores, parecia invisível para o mundo externo. Mas não ficaria assim para sempre. Lá foi um lugar muito usado pelos autores para fazer experimentos e descobrir o que gera popularidade entre o público.
Muitos escritores usaram o site para fazer testes sobre a própria escrita, recebendo feedbacks dos leitores diretamente na história. Tudo muito bem trabalhado, estudado e testado para um público de nicho. É um universo pequeno que funciona da mesma forma como as ideias de sucesso de hoje, tantas vezes comentadas como se fossem doenças infecciosas.
Publicitários e produtores desenvolveram uma teoria de marketing viral. Segundo ela, o simples boca a boca pode facilmente pegar uma pequena ideia e transformá-la num fenômeno. Com isso, foi alimentada uma concepção popular equivocada de que as empresas não precisam de sofisticadas estratégias de distribuição para o crescimento dos produtos.
Basta criar algo bem infeccioso. Uma pessoa infecta duas. Duas infectam quatro. Quatro infectam oito. E, em pouco tempo, uma obra vira uma pandemia. Quantos chamados virais você já viu na internet?
Na verdade, é possível seguir todos os passos de qualquer conteúdo que viraliza. Eles sempre encontram a combinação entre opções, economia e marketing. No caso do FanFiction, as opções de histórias novas estavam em abundância no site.
Por ser de graça, eram escolhidas e mais compartilhadas as que envolviam personagens de maior apelo com o público. O bom marketing e o talento para escrever transformava uma brincadeira com apelo erótico num sucesso, ainda que restrito ao site. Testes e mais testes são colocados no ar o tempo todo.
O que não faz sucesso, fica para trás. Já os hits seguem em frente, são bem trabalhados, lapidados e até repetidos, para a fórmula do sucesso render ainda mais lucro para os conglomerados da indústria artística.
É curioso notar como usamos o verbo “compartilhar” ao tratar de artigos postados no mundo on-line. No mundo físico, a tendência de compartilhamento é focada em coisas exclusivas. Se você compartilha um cobertor, por exemplo, perde uma parte dele para se aquecer numa noite fria. Quando compartilha um pacote de biscoitos, vai comer menos.
São quase atos de caridade, de doação. Na internet, é diferente. Informações compartilhadas não são exclusivas. Ao compartilhar um conteúdo online, você não abre mão de nada e ganha um bem valioso e difícil de ser construído: o público.
Agora reflita por um instante: no mundo físico, compartilhar é sinal de dividir, de fazer algo pelos outros. Já no mundo virtual, o compartilhamento soa como forma de fazer um bem para si mesmo. Se você quer entender quem é o seu público, precisa conhecer a si mesmo e perceber quantas pessoas compartilham, com o perdão do trocadilho, os mesmos valores e gostos que você.
Seres humanos se encantam com pequenas previsões, mas o futuro é anárquico e quase impossível de ser controlado. É bem possível que escrever no século XXI seja o ramo mais competitivo da história da humanidade, já que as barreiras são baixas, o suprimento é gigantesco e a concorrência é global, com inúmeros publicadores produzindo conteúdo para um público mundial.
Diariamente, jornalistas e blogueiros produzem uma imensidão de conteúdo para sites e blogs, tentando fazê-los ganhar relevância no Facebook ou no Twitter. Descobrir como deixar os leitores encantados com o conteúdo não é simples de entender.
Para saber o que as pessoas querem consumir, não existem respostas definitivas. Os públicos são tão curiosos e complicados que a maioria dos métodos bem-sucedidos de estudar seu comportamento são, com frequência, indistinguíveis da antropologia.
Na dúvida, lembre do FanFiction. Teste, peça opiniões, veja o que dá certo e descarte os fracassos de repercussão. Simples, né? Agora imagine fazer isso em escala industrial. É o que acontece todos os dias, o tempo todo.
Vivemos a revolução industrial na atenção. Nos últimos 40 anos, as tecnologias impulsionaram a disputa sempre acirrada no reino da atenção e nos sub-reinos do entretenimento, das comunicações e das informações.
Cada vez mais, os hits estarão nichados em públicos específicos. Nem sempre serão conhecidos por todo mundo, mas farão enorme barulho em bolhas. Aquele mundo de sucessos tão estrondosos mudou. Hoje, cada campo tem uma nova forma de medir o que é ou não sucesso.
Você precisa descobrir qual o seu público e entender as semelhanças que o ligam a ele. Assim, é sucesso garantido.
Qual será o próximo sucesso estrondoso, que não vai sair das nossas cabeças e será o assunto das rodinhas de conversa, botecos e bate-papos em geral? É difícil saber com precisão, mas este microbook deixa claro como todos os grandes hits da história da humanidade seguiram algumas regras simples. Os maiores especialistas em sucessos sabem muito bem usar o comportamento humano a favor de produtos artísticos.
Para aprender um pouco mais sobre como as coisas se disseminam, ouça o microbook As regras do contágio, que procura explicar como a nossa cultura de um mundo cada vez mais conectado ajuda a espalhar vírus e outras manias.
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Thompson é um jornalista americano, escritor da equipe da The A... (Leia mais)
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